24/11/2020
As diversas facetas e obra de Monteiro Lobato, uma das mais consagradas da literatura infantil, foram tema da II Edição do evento Café com Linguagens, realizada pelos unidades do Sesi Escola – Cuiabá e Várzea Grande, durante a semana da Consciência Negra – de 16 a 20 de novembro. O evento, com foco nos estudantes do ensino médio, neste ano, teve um desafio extra: a programação foi toda desenvolvida virtualmente.
A agenda contou com palestras como ‘Monteiro Lobato: História para conhecer, ler, pensar e (trans)formar’, com a palestrante, mestre em Educação, Cláudia Brandão e ‘A importância da leitura para a formação humana’, com as psicólogas do Sesi, Luana Peralta e Solange Jesuita.
Já o tema Consciência Negra, com a professora convidada, mestre em Educação, Rosana de Arruda, abordou os fenômenos que envolvem o racismo. “Falamos sobre discriminação racial, preconceito e injúria - como uma forma de os professores e dos adolescentes identificarem essa má postura e, a partir daí, poderem atuar no combate a esse comportamento reprovável”, apontou.
Para ela, apenas a partir da compreensão, da visibilidade e da identificação do racismo nas práticas sociais que é possível mudar as atitudes, para que possamos estabelecer uma nova educação étnico-racial.
A coordenadora pedagógica do Sesi Cuiabá, Heloísa Borges, afirma que os alunos deram um verdadeiro show de utilização da tecnologia para tornar atrativas e educativas suas apresentações. “Pudemos observar o empenho e a evolução deles na forma de pesquisar e demostrar seus conhecimentos e desenvoltura com a tecnologia. Estão de parabéns!”
Aspectos literários
Para o aluno Lucas Gonçalves, 16 anos, do 2º ano do Ensino Médio da unidade de Cuiabá, houve um grande empenho por parte dos professores e alunos em analisar os temas escolhidos e preparar as apresentações. “O tema dessa edição girou em torno do escritor Monteiro Lobato. Apesar de ele ser um escritor controverso, devido a suas opiniões consideradas, na maioria das vezes, racistas e machistas, isso não impediu que os alunos fizessem críticas maduras e construtivas com relação às suas obras. Foi abordado desde seus aspectos literários, criativos e construtores de opinião até suas características preconceituosas”, avalia.
De acordo com o jovem, a sua turma ficou com o livro “Fragmentos, opiniões e miscelânias”, e pode tratar sobre o específico trecho que crítica a imprensa por causa da sua influência e manipulação exercida dentro da sociedade na época em que o livro estava sendo escrito. “O trecho específico, felizmente, não traz opiniões discriminatórias, mas sim uma gama de interpretações e uma profundidade linguística única. Não é à toa que Monteiro Lobato é conhecido como um autor de múltiplas facetas”, enfatiza.
Lucas, lembra ainda que o Café com Linguagens é um projeto integrador - como o próprio nome diz - por integrar diversas matérias em seu portfólio, isto é, apesar de teoricamente a leitura ser tratada como algo específico da área de atuação da linguagem, nada impediu os grupos de fazerem análises das obras levando em consideração outras matérias como matemática e tecnologia da informação.
“Meu grupo, por exemplo, além de ter falado com base no aspecto linguístico do autor, também falou com base na evolução tecnológica da mídia. Assim, conseguimos abarcar o máximo de informações e conceitos para nossa formação crítica e intelectual dentro da sociedade que nos rege”.
Keren Irala Licetti, 16 anos, do 2° ano do Ensino Médio da unidade de Várzea Grande, afirma também que a experiência com o evento foi diferente e bem agradável. “As apresentações antes presenciais, tomaram um novo formato, o virtual. Nas turmas do segundo ano, houve a junção desse evento com a prova integradora, nos incentivando a pesquisar e conhecer a importância da literatura nacional, a cultura expressa na linguagem” conta.
A temática da turma foi uma comparação do livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato no contexto atual. “Optamos por fazer um documentário elaborando uma analogia da fauna e flora, na década de 1930, com o atual século XXI. Por meio de pesquisas e na montagem do nosso documentário, vimos a notória mudança do nosso ecossistema, refletimos sobre as ações da sociedade para com o meio ambiente”.
Maleta Literária
Neste ano, o Sesi Nacional realizou o Projeto Literário Sesi — Monteiro Lobato, criado para estimular o interesse pela leitura, ampliar a capacidade de produção textual dos estudantes e contribuir com o acesso de professores, alunos e familiares a obras da literatura brasileira, especialmente em tempos de isolamento social.
No ensino fundamental, estudantes do 2º ao 5º ano receberam obras do Ziraldo, enquanto os alunos dos outros anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio receberam obras do Monteiro Lobato. Os professores também receberam uma maleta com os mesmos títulos dos alunos e um guia com sugestões de atividades e breve histórico dos livros.
“A escola passou por um processo de reconstrução metodológica e, graças ao empenho de todos e a boa aceitação dos alunos, as novas propostas, o trabalho literário também teve destaque, unindo as áreas e proporcionando momentos de muita troca, ressignificando ideias e conceitos”, finaliza a coordenadora pedagógica do Sesi Escola Várzea Grande, Luciana Brandão.